A campanha em Teresina e os números fornecidos pelos próprios políticos
Candidatos e suas assessorias majoram números sobre eventos políticos porque confiam que dados não serão checados por boa parte da mídia.
Quase todos os dias vemos na imprensa de Teresina manchetes do tipo: "Fulano reúne 3 mil pessoas em evento no bairro tal". Em alguns casos, a notícia até antecipa a quantidade de pessoas para um evento que ainda vai acontecer. Num exercício de futurologia, cravam: "Pré-candidato fulano de tal vai reunir 5 mil no sábado".
Mas quem fornece os números? Na maioria das vezes, os próprios pré-candidatos ou suas assessorias.
Esse é o melhor dos mundos para os políticos. Confiantes de que os números fornecidos por eles mesmos serão facilmente reverberados (intencionalmente ou não) por grande parte da imprensa, eles majoram o público presente em reuniões e usam setores da mídia que cobre política para fazerem disputa de públicos com outros candidatos.
No tempo da campanha eleitoral propriamente dita, a coisa fica ainda pior. Assessorias espalham que determinada carreata foi a maior da história da cidade e muitos profissionais de imprensa repercutem a "informação" na íntegra, sem checagem. Públicos de convenções e comícios são noticiados conforme as próprias campanhas divulgam.
Para os políticos, é uma maravilha. Para os eleitores e para a credibilidade da imprensa, nem tanto.
OUTROS ASSUNTOS
| Líder com folga
Pesquisa do Instituto Opinar sobre a eleição em Porto Alegre do Piauí aponta que a hegemonia política da família Neiva deve se manter no município. Conforme a pesquisa, o economista Avelino Neiva (Progressistas), pai do deputado estadual Gustavo Neiva, lidera a corrida eleitoral com 70,67% das intenções de voto, contra apenas 26,33% de Dr. João Carlos (PT). Os nomes dos vices foram mencionados nesse cenário estimulado. Não souberam ou não opinaram foram 1,67% e nenhum, branco ou nulo somaram 1,33%. O Opinar ouviu 300 eleitores nos dias 3 e 4 de julho e registrou a pesquisa no TRE-PI com o número PI-07860/2024.
O grupo político da família Neiva nunca perdeu uma eleição em Porto Alegre do Piauí desde a emancipação do município. O primeiro prefeito da cidade, eleito em 1996, foi o hoje deputado estadual Gustavo Neiva.
| Novela fraca
Poucas coisas são tão esdrúxulas na política teresinense como a novela da escolha, ou melhor, da busca, por um vice para o prefeito Dr. Pessoa (PRD). Com a poderosa máquina da prefeitura nas mãos e pré-candidato à reeleição, Dr. Pessoa consegue ser o quarto colocado na maioria das pesquisas e luta há meses para encontrar algum desavisado que queira ser seu vice. Nesta semana, o partido Avante apresentou três opções para o prefeito, que, enfim, deve anunciar o nome do colega de chapa nesses próximos dias. A novela da escolha do vice de Pessoa é tão fraca que qualquer discussão capenga consegue ser mais interessante.
| Só para um lado
Quando políticos que antes trocavam acusações decidem se unir em um mesmo palanque, eles acham mil e uma justificativas para a mudança. Uma das que mais vemos é "colocar as diferenças de lado em nome de um bem maior". Criam todo um discurso bonito para tentar convencer as pessoas de que a pulada de galho tem as melhores intenções. Na sucessão municipal em Teresina essa situação tem sido trivial. O interessante é que essa turma só sabe colocar diferenças de lado para aderir ao poder e suas benesses. Ninguém coloca diferenças de lado para se abraçar em um bloco de oposição.