Coluna Gustavo Almeida

A campanha em Teresina e os números fornecidos pelos próprios políticos

Candidatos e suas assessorias majoram números sobre eventos políticos porque confiam que dados não serão checados por boa parte da mídia.

Reuniões política

Reuniões política

12 de julho de 2024 às 11:38
4 min de leitura

Quase todos os dias vemos na imprensa de Teresina manchetes do tipo: "Fulano reúne 3 mil pessoas em evento no bairro tal". Em alguns casos, a notícia até antecipa a quantidade de pessoas para um evento que ainda vai acontecer. Num exercício de futurologia, cravam: "Pré-candidato fulano de tal vai reunir 5 mil no sábado".

Mas quem fornece os números? Na maioria das vezes, os próprios pré-candidatos ou suas assessorias.

Reuniões acontecem nos bairros e muitos políticos majoram números para emplacar na imprensa

Esse é o melhor dos mundos para os políticos. Confiantes de que os números fornecidos por eles mesmos serão facilmente reverberados (intencionalmente ou não) por grande parte da imprensa, eles majoram o público presente em reuniões e usam setores da mídia que cobre política para fazerem disputa de públicos com outros candidatos.

No tempo da campanha eleitoral propriamente dita, a coisa fica ainda pior. Assessorias espalham que determinada carreata foi a maior da história da cidade e muitos profissionais de imprensa repercutem a "informação" na íntegra, sem checagem. Públicos de convenções e comícios são noticiados conforme as próprias campanhas divulgam.

Para os políticos, é uma maravilha. Para os eleitores e para a credibilidade da imprensa, nem tanto.

OUTROS ASSUNTOS

| Líder com folga

Avelino Neiva (Reprodução/Instagram)

Pesquisa do Instituto Opinar sobre a eleição em Porto Alegre do Piauí aponta que a hegemonia política da família Neiva deve se manter no município. Conforme a pesquisa, o economista Avelino Neiva (Progressistas), pai do deputado estadual Gustavo Neiva, lidera a corrida eleitoral com 70,67% das intenções de voto, contra apenas 26,33% de Dr. João Carlos (PT). Os nomes dos vices foram mencionados nesse cenário estimulado. Não souberam ou não opinaram foram 1,67% e nenhum, branco ou nulo somaram 1,33%. O Opinar ouviu 300 eleitores nos dias 3 e 4 de julho e registrou a pesquisa no TRE-PI com o número PI-07860/2024.

O grupo político da família Neiva nunca perdeu uma eleição em Porto Alegre do Piauí desde a emancipação do município. O primeiro prefeito da cidade, eleito em 1996, foi o hoje deputado estadual Gustavo Neiva.

| Novela fraca

Prefeito Dr. Pessoa (Foto: Júnior Santos/Lupa1)

Poucas coisas são tão esdrúxulas na política teresinense como a novela da escolha, ou melhor, da busca, por um vice para o prefeito Dr. Pessoa (PRD). Com a poderosa máquina da prefeitura nas mãos e pré-candidato à reeleição, Dr. Pessoa consegue ser o quarto colocado na maioria das pesquisas e luta há meses para encontrar algum desavisado que queira ser seu vice. Nesta semana, o partido Avante apresentou três opções para o prefeito, que, enfim, deve anunciar o nome do colega de chapa nesses próximos dias. A novela da escolha do vice de Pessoa é tão fraca que qualquer discussão capenga consegue ser mais interessante.

| Só para um lado

Quando políticos que antes trocavam acusações decidem se unir em um mesmo palanque, eles acham mil e uma justificativas para a mudança. Uma das que mais vemos é "colocar as diferenças de lado em nome de um bem maior". Criam todo um discurso bonito para tentar convencer as pessoas de que a pulada de galho tem as melhores intenções. Na sucessão municipal em Teresina essa situação tem sido trivial. O interessante é que essa turma só sabe colocar diferenças de lado para aderir ao poder e suas benesses. Ninguém coloca diferenças de lado para se abraçar em um bloco de oposição.

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