A TV Lupa1 teve acesso com exclusividade a imagens que mostram o exato momento que o empresário Junno Pinheiro Campos de Souza entrega uma bolsa com propina ao promotor da 6ª Promotoria de Justiça de Picos, Maurício Verdejo, que foi alvo de operação deflagrada nessa quarta-feira (07), pela Polícia Federal acusado de extorsão contra Junno Pinheiro. Conforme a Polícia Federal, o promotor procurou oempresário e cobrou R$ 3 milhões, para arquivar um processo em que Junno é investigado.

As imagens, obtidas por nossa equipe de reportagem, mostram o empresário no estacionamento dentro de uma veículo, modelo SW4, de cor preta. Sendo que na sequência, o promotor aparece saindo de uma casa luxuosa em direção ao carro Junno.

É possível visualizar ainda, os dois se cumprimentando, e logo em seguida, o empresário pegar uma bolsa no banco traseiro do veículo, no caso o dinheiro, e se direcionar junto com o promotor para dentro da residência, local onde o mandado de busca e apreensão contraMaurício Verdejo foi cumprido em pela PF durante a Operação Iscariotes, em Teresina.

Depoimento do empresário

Na declaração do empresário ao delegado da PF no dia 31 de julho, em Parnaíba, que a TV Lupa1 também teve acesso, Junno Pinheiro narra que foi procurado pelo representante doMinistério Público do Piauí, no dia 26 de julho de 2024, em um restaurante no município de Cajueiro da Praia, no litoral do Piauí.

"O denunciante compareceu a esta delegacia para noticiar extorsão, ameaças abusivas e exigência de pecúnia por parte do promotor de Justiça Maurício Verdejo. O pretenso promotor exigiu pagamento sob o pretexto de facilitar a vida do noticiante no bojo de uma investigação criminal inaugurada na comarca de Picos", diz trecho do depoimento.

Promotor alegava ter influência

No decorrer da denúncia, o empresário alega que o promotor tentou a todo custo se beneficiar financeiramente, chegando ao ponto de propôr a Junno Pinheiro a interferência em outro processo que tramita em Teresina contra o denunciante.

"O promotor citou ainda como de seu interesse outro processo em desfavor do noticiante relacionado a acidente de trânsito, tramitando no Tribunal de Justiça do Piauí, fazendo referência deselegante ao promotor que atua naquele segundo caso, que segundo ele é muito complicado... difícil, mas que ele, Maurício Varejo tem como ajudar, caso o noticiante colabore".

R$ 3 milhões para ter paz

Consta ainda na denúncia, que o promotor tinha medo de ser visto com o empresário ou ser gravado, e sempre tentava se esconder, além de perguntar se Junno estava portando aparelho celular. Após ter negado o uso do aparelho pelo denunciante, Maurício Verdejo, exigiu o valor de R$ 3 milhões.

"Segundo ele, o noticiante iria ter paz, e que o processo a que se refere um Habeas Corpus teria outro rumo a partir do acerto [pagamento da propina]. O promotor disse que queria ser amigo do declarante, mas com o recurso contra a investigação, a vida desse somente iria piorar e somente obrigaria o noticiado a trabalhar mais para o denunciar no processo. O promotor afirmou ainda que tem apoio e muita força no Tribunal de Justiça do Piauí e junto aos tribunais de Brasília. Ele alegou também, que não adiantaria entrar com recursos no processo, porque todos iriam parar em em desembargadores ou juízes ligados a ele", detalha o depoimento.

"Operação Jet Ski"

Conforme a Polícia Federal, o promotor se referia a investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que deflagrou a Operação "Jet Ski", no dia 26 de abril, de 2024, que mirava uma das empresas de Junno Pinheiro por suposta irregularidades em contrato com hospitais público.

Perseguição

O empresário relatou na denúncia que era perseguido pelo promotor. "Apesar de ter prestado todos os esclarecimentos, o noticiado representou por várias cautelares, além de ter ido pessoalmente cumprir mandado de busca na casa do noticiante. Outro fato que chamou atenção, foi a esposa do promotor, na condição de consumidora de serviços náuticos prestados pela sua empresa VM EXPERIENCE, ela pediu a devolução do valor do passeio sem apresentar razões justas".

Denúncia na Polícia Federal

Junno declarou que procurou a PF, porque estava com medo de procurar a Corregedoria do Ministério Público, e as ameaças aumentassem por parte do promotor. "O noticiante diz que está com medo, que apesar de saber da sua inocência, pensou em ceder à extorsão para não ser mais prejudicado no processo. Veio a Polícia Federal porque ficou com medo do denunciando tomar conhecimento, e as ameaças se agravarem", finaliza o depoimento do empresário Junno Pinheiro.

Quem é Junno Pinheiro

Junno Pinheiro Campos de Sousa é um empresário com participação ativa em 17 CNPJs. Suas empresas estão localizadas principalmente nos estados do Piauí e Maranhão. A trajetória empresarial de Junno começou com a fundação da The Service Equipamentos Médico e Hospitalar Ltda em Teresina, em 06 de fevereiro de 2017. Desde então, ele expandiu seus negócios para incluir uma variedade de setores, desde equipamentos médicos até derivados do petróleo.

A empresa mais recente de Junno é a VM Derivados do Petróleo Ltda, estabelecida em Parnaíba em 22 de outubro de 2020. O capital social das empresas associadas à Junno Pinheiro soma aproximadamente R$ 2.580.000,00 milhões.

Empresas e atividades

De acordo com o Portal da Transparência, as empresas em que Junno Pinheiro Campos São:

- VELHO MONGE EMBARCAÇÕES LTDA (Teresina e Parnaíba)

- VM DERIVADOS DO PETRÓLEO LTDA (Teresina e Parnaíba)

- PROJETO VIDA TERESINA LTDA (Teresina)

- CONSERV CONSTRUTORA E INCORPORADORA LTDA (Teresina)

- PINHEIRO & SOUSA SERVIÇOS MÉDICOS LTDA (Teresina)

- VM JET BOATS INDÚSTRIA DE PRODUTOS NAUTICOS LTDA (Parnaíba)

- VM POWER SPORTS LTDA (Teresina, Parnaíba e Barreirinhas-MA)

- VM MOTORS LTDA (Parnaíba e Barreirinhas-MA)

- VM PROMOÇÕES DE VENDAS LTDA (Teresina)

- CENTRAL DE LAUDOS E SERVIÇOS LTDA (Timon e Macapá)

- THE IMAGEM COMÉRCIO E REPRESENTAÇÃO LTDA (Teresina)

- THE SERVICE EQUIPAMENTOS MÉDICO E HOSPITALAR LTDA (Teresina)

- VM MARINA LTDA (Parnaíba)

Acusação de homicídio

O empresário foi acusado de homicídio doloso no trânsito, em um caso que ganhou bastante notoriedade no Piauí. Segundo a denúncia do Ministério Público do Estado do Piauí, o incidente ocorreu na madrugada de 1º de julho de 2019, quando Junno, após consumir bebidas alcoólicas, teria se envolvido em uma corrida ilegal com outro indivíduo, Walber Anderson.

Durante a disputa, Junno teria perdido o controle do veículo, colidindo contra barrancos de concreto e uma banca de revistas, resultando na morte do arquiteto João Vitor Oliveira Campos Sales.

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